sábado, 6 de outubro de 2007

Apresentação da tese de doutoramento em psicologia

Quando adormecemos (e não só) a nossa consciência desprende-se de nós. Viaja pelo mundo inteiro, contacta com as outras que noutras pessoas habitam ou que também estão simplesmente soltas. Sendo. Being. Acordamos quando a consciência regressa dessa viagem, onde esteve num espaço em que o tempo e o lugar se confundem numa dimensão exacta, feita de cálculos matemáticas infalíveis, mas inatingíveis na sua complexidade (excepto talvez, pelo próprio Einstein).
Também pode então a nossa consciência então querer tudo, porque toda poderosa é: o caminho para o Além, a ponte para o infinito, para onde o olho olha e não alcança.
Uma das grandes tristezas do mundo é não saber um pouco de tudo isto. Depois, então, a criança que afinal somos, achada de novo em si própria, pode de desgostos trazer de novo até a si o coração colado à consciência, calado a um fado que afinal também no seu canto contacta todas estas dimensões e se esbarra apenas nas paredes infalíveis, silenciosas (de tão cheias, de tão vazias, de tão tudo, de tão nada), do Universo.
A consciência, então, dizia, cola-se de novo ao corpo ao acordar, e entramos nesta dimensão que ninguém percebe porque também existe. Será para experimentar o Amor, aquele mistério intenso, que a todos entontece, enfebrece, acontece, puxa, agarra e jamais solta? Será para não se perder infinitivamente no tempo? Será para experimentar a tristeza indefinível de viver, que apenas se contempla na honra prestada aos nossos antecessores, que aguentam com o peso todo da existência nos seus ombros tristes, pesados, feitos de rocha? Serão então a poesia, a matemática, os únicos elos de ligação entre as consciências deste mundo, às vezes mais soltas, às vezes mais presas? Às vezes mais perto do coração, outras do céu, onde tudo melhor se contempla, e onde, afinal, se voa. 
A consciência quando volta ao corpo, e "acorda", como que se vai cozendo (experimentem acordar duma noite que ressaca e vão perceber). Ainda hei-de ter estudar os confrontos entre o corpo e a consciência (e mais uma vez estas ressacas me irão ajudando). Talvez o contrário também. O juntar, harmónico. Algo que grandes tocadores, cantores de bossa nova já sentiram na pele. Chico, Jobim ou Caetano, talvez. Elis, Maria, fadistas.
Cantará o Fado a distância entre pontos diferentes do Universo, que não explicam mas aplicam matemáticas extremas a acontecimentos mundanos do dia-a-dia?
O Sol acorda num horizonte que não o meu (deste lado do mundo é noite) mas eu sinto-o e sei que vales verdes vão estar ressequidos de água. Água, Sol, luz, calor. E mais poesia há-de ainda haver.
 
O Einstein Português

Um comentário:

ego disse...

que mais venham,
que mais contes
que mais te entondeças,

por ai sonhamos todos
no acordar, ou não.